segunda-feira, 31 de março de 2025

Universidade de Coimbra




Centro de saber por excelência, a Universidade de Coimbra fundada em 1290 é uma das mais antigas da Europa e foi classificada Património Mundial, juntamente com a Alta da cidade e a Rua da Sofia.

Fundada em 1290 por D. Dinis, com o nome de "Estudos Gerais", transitou entre Lisboa e Coimbra ao longo de vários reinados até que foi definitivamente estabelecida nesta cidade em 1537, por iniciativa de D. João III. Desde então ocupa o mesmo edifício, antigo Paço Real medieval, adquirido pela instituição em 1597 a Filipe II de Espanha que então governava o país.

Aqui estudava-se teologia, medicina e leis até ao séc. XVIII, altura em que o Marquês de Pombal alterou o ensino introduzindo outras disciplinas. Actualmente compreende sete faculdades - Letras, Direito, Medicina, Ciências e Tecnologia, Farmácia, Economia e Psicologia e Ciências da Educação.

Privilegiadamente situada no alto da cidade, com vista sobre o Rio Mondego, a Universidade é um edifício complexo, desenvolvido em torno de um pátio central onde se destacam alguns elementos pelo seu interesse artístico e simbolismo. A entrada é feita pela Porta Férrea, obra nobre maneirista (1634), onde se podem ver as imagens dos reis mecenas, D. Dinis e D. João III.

Do lado direito, ao centro, a Via Latina, uma colunata maneirista edificada no séc. XVIII indica a velha "língua oficial" dentro deste espaço, o latim. Com entrada pela arcada, a Sala Grande dos Actos, e ao canto a famosa Torre. Construída em 1728 é vista de toda a cidade e seu ex-libris. Tem quatro sinos, antigos reguladores da rotina académica e da cidade, que os alunos apelidaram carinhosamente de "Cabra". Do lado Oeste, encontramos a Sala dos Exames Privados, a Capela de São Miguel,

Museu de Arte Sacra e a valiosa Biblioteca Joanina. Do lado esquerdo da Porta Férrea, fica o Colégio de São Pedro.









 

 

Mosteiro de Santa Clara-a-Velha


 

Ao mosteiro de Santa Clara-a-Velha de Coimbra anda associada uma inestimável memória histórica construída em larga medida pelo carisma da sua fundadora, a rainha Santa Isabel, e pelas marcas que nele deixou quando o escolheu para cenário dos seus últimos anos de vida e lhe legou os seus restos mortais. Silenciando o grave diferendo, que a primeira fundação deste mosteiro, devida a D. Mor Dias, havia provocado, a rainha Isabel obteve do Papa Clemente V, a 10 de Abril de 1314, a necessária autorização para fundar um cenóbio da Ordem de Santa Clara, em Coimbra. A morar nesta cidade, desde a morte do marido, ocorrida em 1325, a rainha Santa pôde acompanhar activamente os trabalhos de edificação do mosteiro, bem como do paço, que mandou fazer para sua residência, nas imediações deste, e do hospício para trinta idosos, com capela anexa, localizado, igualmente, nas suas proximidades. A construção do novo mosteiro de Santa Clara de Coimbra, cuja igreja, dedicada a Santa Clara e Santa Isabel da Hungria, foi sagrada, pelo bispo de Coimbra, D. Raimundo, a 8 de Julho de 1330, pôde assim contar com o alto patrocínio, mas também com o empenhamento pessoal da fundadora. A igreja monástica, atribuída ao arquitecto régio Domingos Domingues, é detentora de uma singularidade tipológica que a afasta, tanto em planta, quanto em alçado e em sistema de cobertura, das mais características igrejas construídas, entre nós, pelos mendicantes. 




Distinguem-se, igualmente, das restantes igrejas góticas suas contemporâneas, pela ausência de transepto, a elevação das três naves quase à mesma altura e abobadamento integral. A originalidade desta complexa igreja encontra explicação no patrocínio e interesse da sua régia fundadora, que a quis converter na sua necrópole, fazendo, para isso, nela colocar o seu monumental sepulcro pétreo com estátua jacente e decoração em todas as faces. Nas imediações do mosteiro, situado na periferia da cidade de então, começou a esboçar-se um novo burgo denominado dos paços da rainha ou de Santa Clara, constituído pelos que vieram trabalhar nas obras ou lá acorriam a demandar trabalho e por todos quantos aí convergiam atraídos pela fama de generosidade da rainha. A história do mosteiro de Santa Clara de Coimbra ficou marcada de forma permanente, a partir do ano seguinte ao da sagração, pela invasão das águas das cheias do Mondego. Esta circunstância obrigou a uma incessante e secular luta contra as condições adversas do sítio em que havia sido implantado. O assoreamento do leito do rio fez com que, no século XV, não só cheias excepcionais, mas qualquer uma, incomodasse os conventos localizados na vizinhança deste rio e, no decurso do século XVII, os edifícios do mosteiro de Santa Clara tiveram também de se adaptar às condições criadas por esta perniciosa situação, através do lançamento de um piso a meia altura da igreja. No entanto, a situação no mosteiro tornou-se de tal modo insustentável que, em 1647, o rei D. João IV ordenou a construção de um novo mosteiro para onde as religiosas clarissas se transferiram, em 1677. O primitivo mosteiro, que passou, a partir de então, a ser designado de Santa Clara-a-Velha, entrou num progressivo processo de destruição e abandono, tendo no século XVIII, a Câmara de Coimbra deliberado que, por razões de saúde pública, fosse demolido o remanescente das construções monásticas arruinadas. A igreja que pela sua solidez havia resistido às investidas arrasadoras das cheias, voltou a aguentar as medidas de demolição decretadas pela autarquia. No entanto, no século XIX, após a extinção das ordens religiosas, foi adquirida por particulares, profanada e utilizada para fins tão diversos, como habitação, celeiro e até curral. Somente em 1910, já meia enterrada nas areias do Mondego, a igreja de Santa Clara viu ser-lhe atribuída a classificação de Monumento Nacional, mas apenas nas décadas de trinta e quarenta sofreu trabalhos de restauro, a cabo da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Tratou-se de uma intervenção de vulto na parte superior do edifício da igreja, uma vez que a parte inferior continuava enterrada, que lhe conferiu o aspecto que manteve até à década de noventa desse século. 




A partir de 1992, encontra-se em curso uma profunda intervenção, a cargo do IPPAR, que já resgatou a parte inferior da igreja e o remanescente do claustro, que irão ser restituídos a visitantes em “ambiente seco”, visto ter sido essa a opção tomada para preservar este monumento, que obrigou à construção de uma Cortina de Contenção Periférica. A extracção dos sedimentos acumulados no interior da igreja permitiu obter um conhecimento mais aprofundado da sua arquitectura, avaliar o modo como a foram adaptando às condições desfavoráveis so sítio e recolher um espólio, não só numeroso como muito variado. Porém, a grande novidade desta intervenção residiu na exumação do claustro, uma vez que se tratava de um “monumento desaparecido” e escassamente documentado. Após a profunda intervenção patrimonial a que está a ser submetido e depois de concluídos os estudos e investigações em diversas áreas do saber, que sobre ele têm, também, vindo a ser empreendidos, espera-se que um conhecimento mais alargado sobre o mosteiro de Santa Clara-a-Velha de Coimbra e a sua fundadora possa vir a ser divulgado junto de um vasto público.



Na foto em cima vemos uma maquete representando o mosteiro na sua globalidade, na Idade Mé-dia, durante o período de funcionamento. Na margem norte temos a cidade de Coimbra com a ponte a ligar a margem sul, onde se localiza o mosteiro. Esta margem é mais baixa, ficando sujeita a inundações das águas do Mondego, quando o seu caudal aumentava de volume, devido às intensas chuvas que caiam nos Invernos rigorosos.













 

terça-feira, 9 de julho de 2024

Segóvia - Espanha

Não, esta NÃO é uma imagem de IA. Este é o maciço aqueduto de Segóvia, construído durante o reinado do imperador Trajano entre 98 e 117 d.C., que é um testemunho da engenhosidade da engenharia romana. Notavelmente preservada, esta estrutura monumental mede 2.388 pés e ergue-se com 165 arcos, cada um com mais de 30 pés de altura. De forma única, é montado a partir de cerca de 24.000 blocos de granito escuro de Guadarrama, assentados sem qualquer argamassa, demonstrando a precisão e durabilidade das antigas técnicas de construção romanas.





terça-feira, 14 de maio de 2024

A Lisboa do Passado e do Presente: Animatógrafo do Rossio

Da cidade de outrora aos nossos tempos numa só fotografia

Lisboa cresceu, mas continua diferente, cosmopolita, genuína e tradicional, como se o tempo não tivesse passado por ela.

Mas o que é que mudou realmente? Fomos à procura da resposta e saímos à rua de máquina fotográfica em punho com um objetivo em mente: comparar o antes e o depois, como se o passado e o presente ficassem congelados numa só imagem.

Vem daí connosco numa viagem pelo tempo desde o início do século XX até ao ano de 2019. A próxima paragem é o Animatógrafo do Rossio, na Rua dos Sapateiros.

Poucos locais em Lisboa mudaram tanto de vida como este. O que começou por ser o salão de cinema mais luxoso de Lisboa, tornou-se depois numa sala de teatro infantil e hoje é… uma casa de peep shows.

Mas, se por dentro nada é como antes, na fachada muita coisa continua igual. Mais de um século depois, o 225-229 da Rua dos Sapateiros continua a não deixar ninguém indiferente.

Desde o ano da sua fundação, em 1907, que o Animatógrafo do Rossio chama a atenção pelos seus elementos de Arte Nova, pintados a verde, que emolduram os três vãos da fachada.

Mais discretos, mas igualmente bonitos são os painéis de azulejos dedicados ao tema da luz elétrica, com duas figuras femininas a segurarem candeeiros.

Desde 1994 que este edifício classificado como Conjunto de Interesse Público exibe peep shows, espetáculos de striptease e filmes pornográficos. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades…





Créditos: Antunes Fotografia







 

 

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Fortaleza de Peniche

No século XVI, um ataque de corsários franceses originou um dos mais impressionantes fortes de Portugal

A vila piscatória de Peniche desde cedo suscitou preocupação em relação à sua defesa. Em 1557, Dom João III, consciente da necessidade de reforçar a defesa a norte de Lisboa, e depois do violento ataque dos corsários franceses, ordenou o levantamento da defesa de Peniche ao conde de Atouguia, Dom Luís de Ataíde.

A espectacular torre de planta circular seria concluída no ano seguinte, em pleno reinado de Dom Sebastião. Depois de algumas interrupções na obra, em 1589, o arquitecto Filipo Terzo encontrava-se na vila para dar continuidade à obra, tendo edificado quatro baluartes que não cumpriam com as necessidades de defesa do espaço. Tal aconteceu somente no reinado de Dom João IV, no processo de remodelação das fortalezas do reino e do sistema defensivo da costa.

Sob a orientação de Dom Jerónimo de Ataíde, a fortificação era concluída em 1645. Nesta tarefa, estiveram envolvidos o Padre Simão Falónio, da Companhia de Jesus, e o sargento-mor Belchior Lopes de Carvalho. Em 1671, concluir-se-iam os trabalhos de construção do troço amuralhado da praça militar.

Defendida da plataforma terrestre por um fosso, nascia, assim, uma das mais importantes fortalezas do reino com vinte mil metros quadrados de área.

Nos meados do século XVIII, a família Ataíde, dada a sua relação familiar com os Távoras, à época perseguidos pelo marquês de Pombal, viram as suas propriedades confiscadas. Como resultado, as pedras de armas existentes no Baluarte Redondo e na Porta de Armas da cidadela foram picadas, numa tentativa de apagar a memória dos fundadores do forte.



























Forte de Peniche

Construção: Século XVI

Classificação: Monumento Nacional








Página oficialwww.museunacionalresistencialiberdade-peniche.gov.pt



 


 


 


Universidade de Coimbra

Centro de saber por excelência, a Universidade de Coimbra fundada em 1290 é uma das mais antigas da Europa e foi classificada Património Mun...